quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O MAGICO DE OZ

[Prólogo]
Era a unica pessoa no mundo pra quem eu sentia vontade de dizer EU TE AMO todos os dias.

(...)
Agora?

Suprimir silabas,
Sufocar fonemas,
Desviar os olhos dos seus
E respirar fundo...

Um dia acostumamos,
Com sorte, a gente esquece...

E Transforma "Eu te amo"
Em um "Bom Dia" inofensivo.

Diz: vou guarda aquela frase
Pra um alguem especial.
Vou sair da sua vida
Procurar meu amigo Rei,
Que me trará quem eu não quero
Na cama que escolherei...

Um dia acostumamos,
Com azar, a gente espera...

E Transforma "Eu te amo"
Em um "Adeus" irreversivel.

Cansado, correndo o mundo liberto,
No peito o peso daquele amor que não ousou libertar,
Não acolhe o novo em seu mundo
Porque o velho é cativo
De uma amor verdadeiro, desinteressado e incondicional.
Ele não sera mandado embora.
Não pode ser substituido, ainda que seu corpo esteja ocupado com uma nova paixão.

Um dia acostumamos,
Sem pretensão, a gente espera...

E transforma "Eu te amo"
Em um "Prazer conhecer" impessoal e coletivo.

[Epílogo]
Nós, mortais, não corremos certos riscos,
De morrer de amor umas duas ou tres vezes,
E guardamos lembranças, cicatrizes e fotografias...

Nós nos reconstruimos em um formato,
desprovido do "sentir",
Mas cantando as mesmas canções,
procurando velhos rostos familiares,
em almas novas e desconhecidas.

E assim seguimos construindo um "novo eu"
Que nada mais é do que um plagio barato
Do personagem de Oz...

Aquele que traz uma lata vazia no peito
Uma lembrança do que um dia foi um coração.

Um dia acostumamos,
E naturalmente a gente esquece...

Transforma "Eu te amo"
Em "Eu nunca amei ninguem".

E assim segue a vida, calando as poucas pessoas no mundo que ainda sentem vontade de dizer EU TE AMO pra alguem, todos os dias.