quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

HIPOCONDRIAMADO

Pois vê amado,
Voce não é o único,
Tão pouco é mais um,
E nem vai ser o ultimo.

Pois sente amado,
Que o fim chega pra todos,
Que a dor é um recado,
Do que se passou, não mais.

E voce que não entende,
E ama como se fosse o princípio,
E chora como se fosse o final.

Perceba que o mundo não é estático,
Outra vez irá doer,
Mas voce não vai morrer.

[Outrora meu amado,
Hoje uma sombra hipocondríaca de alguem
Que não me salvou de mim.]

domingo, 23 de janeiro de 2011

MICRO CONTO RESUMIDO DE UMA SOLIDÃO QUE ME ABANDONOU

De toda força que procuro extrair para não enlouquecer,
Encontro minha força no frio da alvenaria,
É a melhor companhia que tive esses dias,
Úmidos.
Dias úmidos junto as lágrimas que estrangulo,
alguem que penso amar gosta da companhia de minha solidão,
Gosta dela porque nunca esteve só.
Vês? Até minha solidão tem companhia...
Eu não.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

RECEITA PARA TER UM DIA BOM

Uma mensagem espera em casa,
Clássico laço, beijos e abraços,
O proibido instiga o assalto.
Beijo quente, tenro, lento,
Demorado, por dentro.
Lábios sedentos de carne,
Cheiro de hormônios em disparada,
agora homônimos de nós dois.
Calor da saliva, membro pulsante,
Sentidos confusos e aguçados,
Mente delirante, e sem mais resistência,
A tentação se consuma, e compensa.
Um imperativo, verbo intransitivo,
Ordem aceita. Pecado original que deita,
Olhos fechados, dentes cerrados,
Ofegante som de unhas e sussurros,
Constância de nervos delicados,
Outrora ofuscados, agora tão entregues e tão vivos.
Um pedido é acatado,
Ápice apimentado do pecado,
Renovação e regozijo,
Silêncio dos cúmplices em alvenaria,
Testemunhas em cetim e algodão,
Olhar conciso, sorriso lacônico, 
Impregnado de significado,
Mãos enlaçadas,
Corpo suado, lado a lado,
Sonhos.
Missão cumprida.
Amor e vida.

E um beijo de boa sorte para ter um dia bom.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

MIRANTE ILUSORIUM

Eu não quero acreditar que voce esta mentindo para mim.
Não quero acreditar que suas virtudes não são suas,
Não posso crê que seu sorriso não é sincero,
Que sua vinda não é saudade,
Que sua partida não é obrigação.

Não quero acreditar que seu calor é ilusão,
Que seu corpo pulsa em desalinho do seu coração,
Não quero dar credibilidade ao toque singular de suas mãos,
Nem na falsa possibilidade da cumplicidade fictícia de nossa confabulação.
Que um dia voce vai dizer que eu confundi...

Eu quero te falar como me sinto com relação a nós dois,
Contar dos planos, sonhos utópicos de um futuro promisor,
Sonhos dos quais você é parte.
Mas voce parte,
E me parte, o coração.

Se você hesita em dizer que me ama,
Hora ou outra, eu calarei também,
É certo que ninguém devaneará nos sonhos que não tem.
Não quero pensar que é apenas matéria,
Não quero culpa-lo por ainda amar... Ela.

Eu sinto medo as vezes,
Porque não é como no principio,
Principio do desapego.
Quando você quiser ir embora...
Temo que não saberei como aceitar.

Temo que não poderei abrir-lhe a porta para deixá-lo sair,
Temo que ao dá-me as costas, não à poderei fechar...
Temo que tenha perdido o controle dessa vez.
Temo ainda que perderei o que jamais tive de você.
Eu não quero acreditar.

Eu não quero acreditar.

sábado, 8 de janeiro de 2011

REDIMERE

Todas as soluções das adversidades da vida encontram-se na fé.
Acreditar é a palavra que recaí com louvor quando a renuncia falha.
Me diriam que você é meu pecado se eu falasse de você por aí.
Me diriam que eu estaria fadada ao peso da ira dos anjos à concretizar a justiça divina.
Mas se for destino? Se for predestinação?
Uma forma natural que o tempo encontrou de levar nossas vidas a este ponto,
Uma forma de cuidar de voce que chegou primeiro,
Que teve que chegar primeiro para ser desenhado desta forma.
Uma forma de levar a cabo o plano de vida que eu imaginei que teriam para mim.
Mesmo sem sentido, tudo me parece lógico.
E voce não fez nenhuma promessa, à nenhum sacerdote,
Voce assinou um contrato, um tratado. Voce errou.
Não precisa errar novamente, nem precisa se comprometer com seu erro,
Não precisa perder como forma de auto-flagelação.
[Mas não precisamos estar juntos!]

Não precisávamos nos encontrar,
Nem nos completar,
Nem nos parecer,
Não precisava ter beijado,
Não precisava ter deitado,
Não houve medo de sofrer.
E como se sempre tivesse sido,
Estou livre agora,
Preciso libertar você.

O pecado padece sob a salvação.